Gustavo Ottoni em "O Alienista"
Dispa-se
Quando se vê um anúncio todas as informações sobre o assunto lhe vêm à cabeça. Então se constrói um universo acerca da informação obtida, as expectativas causam ansiedades...
Ao se deparar com o produto, propriamente dito, você faz suas avaliações de acordo com o grau de satisfação ou frustração... é ótimo, bom, regular ou péssimo! Mas será que era mesmo? Ou essa avaliação não seria apenas uma comparação com os seus conceitos?
Será que se você não tivesse nenhum conhecimento sobre o mesmo teria se vestido de probabilidades sobre tal situação? Ou apenas aguardaria o que viesse para preencher uma curiosidade?
Então, se dispa quando estiver com perspectiva de encontrar com a arte, pois sem idéias preconcebidas sentirá mais facilmente o toque da beleza penetrar e comungar com seus conhecimentos que emergirão no tempo certo, numa suavidade ou turbulência necessária. Sorvendo assim, amiúde como degustando uma boa bebida...
Outro dia estavam divulgando a peça teatral “O Alienista” baseado na obra de Machado de Assis, “uma leitura esquizofrênica”, concepção, adaptação e interpretação de Gustavo Ottoni, muitos provavelmente disseram: “Não vou, porque já li o livro”. Sim! Já leu o livro, mas não viu a peça. Não pôde usufruir da magnitude que o ator interpretava e regia àquela orquestra composta por todos os membros de uma cidade dentro de apenas um ator.
Versatilidade admirável! Trazia nos personagens, representantes contemporâneos numa contenda política fazendo-nos questionar quanto à veracidade da ciência, e como Machado de Assis contestava a mentalidade cientificista que marcou o século XIX, como bem disse o ator. Também se percebe a hipocrisia humana, quando aparentemente se propõe fazer algo bom, mas a intenção verdadeira é se promover. Conhece alguém assim?
Tem-se a sensação que é a melhor peça que já se viu de tão gratificante que foi, mas se dissermos isso seremos mais uma vez preconceituosos e esquecendo-se do quanto foram gratificantes estes outros espetáculos que assistimos. Principalmente com os últimos apresentados aqui na cidade de Itaperuna pelo “Circuito Estadual de Artes” como o “Dia dos Loucos” de Marcos Americano e Über de Luis Salem. São três ótimas peças e não podem ser comparadas, pois cada uma aborda temas diferentes apesar de trazerem consigo contextos psicológicos.
Mais uma vez congratulamos aos idealizadores e realizadores do programa “Circuito Estadual de Artes” pela bela atitude de propiciar ao interior em assistir excelentes espetáculos a preços compatíveis com nossa realidade.
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Um comentário:
Bem, eu havia feito uma reflexão mais pensada no dia de ontem, mas por obra da internet, xD, esta não veio a ser enviada. Vamos ver o que consigo resgatar do que foi pensado e concebido.
É certo que quando temos uma forte "ansiedade" pelo que veremos, fechamos de certa forma nossa visão, passamos a ver apenas através da janela que criamos, e tal janela, pode muito bem, destruir obras-primas, ou, engrandecer o leviano. Digo isto, pois concordo com sua proposta, se libertar dos pensamentos fará com que a janela e toda a construção sejam desfeitas, e sobre apenas, desde o início ao fim da peça, a beleza bruta... mágica do teatro!
Blessed Be...
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