sábado, 16 de maio de 2009

Revista CAE 1



Editorial


Carole Chidiac, Jornalista

TODA VEZ QUE TOCAMOS NOSSA CULTURA SINTO QUE O PAÍS RENASCE.
Somos um país tão rico que não nos damos conta. Em cada estado
um português diferente e dentro do mesmo estado, quantas formas
diferentes e tons e sons e cores e balões!

Sem dúvida, ver o Brasil só de um prisma e pouco. A cultura brasileira tem
milhões de prismas. E ”do resto” que faz com que um País se forme, peço
um fique à vontade, uma quase licença poética, porque hoje nasce uma
revista, e isso importa.

Uma revista que nasce e sempre uma fantasia, esperança. Como o
iniciante artista perante a tela branca. O escritor e a tela branca. Telas
brancas, pontes de partida. A gente sabe aonde quer chegar? Não temos
uma política que sustente as atividades culturais. Não temos indústrias
que apóiem e destinem verbas de acordo com nossa produção e sede.

Vemos Fernanda Montenegro toda hora no Congresso pedindo dignidade
para os artistas e vimos Fernanda negar um cargo federal. Gil fazendo o
máximo no mínimo que deram, até achar que tinha cumprido a missão.
Essas pessoas que engrandecem nossa alma, quem são e como fazem
isso? Como se escreve uma peça de teatro, um livro, um poema? De onde
vem essa produção senão da alma?

De onde vem essa dedicação senão do amor, sem condições de trabalho e
remunerações a contento? Tomando o exemplo de Fernanda, certa vez,
estava saindo da cidade cenográfica da Globo, em Mangaratiba, e tive a
sorte de ver um ônibus que em minutos sairia para a zona sul. 56
contratados tinham direito a carro de reportagem. o fotógrafo era, eu
não. Ele subiu, fotografou e foi embora. Fui logo escolhendo o primeiro
par de poltronas e quando sentei, o havia feito ao lado de Débora Bloch.
Depois das primeiras gentilezas de quem se fala pela primeira vez,
o desabafo quase sem querer e para mim, inteligível. "Não me conformo em
ver Fernanda Montenegro dormindo no chão e esperando sua hora de
gravar. Isso porque ela e Fernanda Montenegro e porque e a Globo, a
emissora de TV que melhores condições de trabalho oferece. Cheguei
para gravar as sete e estou descendo pro Rio agora, as vinte e duas
horas".

Para ser artista a gana tem de ser de mambembe e para ser mambembe há
que se ter riquezas. Cultura interior, das que pulsam, correm veias e
impulsionam.
Por que a arte, se a engenharia é uma arte? A quem o quadro é dado a
pintar? De onde vem as matizes? De que orgulho e modéstia se valem os
artistas? Artistas. Quem há em Belém? Em Uruguaiana?

Quantos livros, músicas, telas, artesãos, manifestos, pensamentos
desperdiçamos e que agonia em saber que desperdiçamos. Por que
seguimos é o que basta e o caminho é de enriquecer a riqueza.

Muitas vezes fiquei em jornal até rodar. Do meu escrito ao publicado e ver
como ficou no jornal. Poucas vezes fui tão feliz. A off-set rodando
"minhas" páginas enlouquecidamente. Tirar um jornal da pilha recém
saído e voltar plena para casa as 6 da manhã.

Sem ingenuidade nenhum artista sobrevive. Sabendo que é impossível
ninguém faz. E vivendo, que é o mundo possível, criar, que é o mundo
impossível se contemplam. Viverão e confrontarão sempre.

Hoje uma revista nasce. Uma capa e contra capa contém. Dão espaço,
escrevem, orientam, debatem, estimulam, instigam. Uma revista!
A gente tem mais é que reverenciar e agradecer a Deus pela cultura que
formamos. E se queremos informar mesmo num projeto arriscado, quem
se importa em perder se o que vai aí oferecido é arte? O que vai oferecido
é a oportunidade de não desperdiçar.

Bem vinda REVISTA CANAL DA CULTURA! Não estivesse falando do
nascimento de uma revista sobre cultura, 0 texto carregaria menos
interrogações. Então, vamos exclamar! REVISTA CANAL DA CULTURA saiu
do papel em branco e tornou-se. Por favor, dê licença para ela entrar em
sua casa. Em sua alma, em sua cabeça, em seu pulsar. Permita que se faça
o milagre do leitor. E seja o crítico, escritor, artista, sua alma.
Não se furte, registre-se aqui, onde você já está.

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Um comentário:

Unknown disse...

Ver nossa revista nesse blog é mais um estimulo para o nosso trabalho. Obrigado em nome de toda equipe da Canal da Cultura - CAE
Neivaldo Rodrigues