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José Carlos Ligiero
As primeiras lembranças que tenho de meu pai são de lindos ensaios do coral na sala de minha casa. Eu tinha cerca de quatro anos e dormia embalada por lindas vozes, regidas por ele.
Mais tarde além dos corais, vieram outras: O Conjunto de Seresta, A orquestra de Câmara, a querida Banda de Música, que completa 50 anos em novembro deste ano, as composições, incontáveis arranjos e a fotografia.
Ao mencionar isto, não sigo a ordem cronológica, sigo a linha de minha memória, memória afetiva, as lembranças vêm, e a caneta corre sozinha sobre o branco do papel.
Lembro-me de ver meu pai sempre com a máquina á postos, vendo beleza onde eu não via nada. Através das lentes de meu pai, descortinou-se um mundo de belezas, uma flor, uma gota de orvalho, um por do sol na Beira-Rio transformavam-se em pinturas de rara beleza.
Para mim ainda menina, era fascinante ver meu pai horas e horas compondo ou ajoelhado diante de uma flor, procurando o melhor ângulo, a melhor luz.
Na década de 70 o grande pianista Miguel Proença o convidou para expor na Sala Cecília Meireles suas fotos. O concertista havia ficado maravilhado com as obras do Maestro-Fotógrafo.
Mais tarde veio a Orquestra José Carlos Ligiero, ou Star Dust, nome que nunca pegou, pois todos a chamavam pelo nome do maestro. A orquestra teve a honra de se apresentar na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro, local onde ocorreu o último baile do império; apresentou-se também
inúmeras vezes na casa de espetáculos Scala e em outros estados. O local onde menos se apresentou foi Itaperuna.
o acervo do meu pai conta com composições em quase todos os estilos musicais, música sacra, valsas e etc.
Sua preocupação e amor com a nossa cultura rendeu vários arranjos que incluem cantigas de roda, caxambu e muito mais coisas da cultura fluminense. A própria banda de música sobreviveu graças a sua teimosia e grande amor por ela. Este trabalho lhe rendeu o Golfinho
de Ouro, maior prêmio do estado, dado a vários setores artísticos, como música, teatro, cinema, etc.
Ao papai coube o prêmio pela Preservação do Patrimônio Cultural do Estado.
Não posso descrever o orgulho que senti ao ver meu pai no palco ao lado de artistas renomados como Maria Bethânia, Bibi Ferreira, Ângela Leal e outros, recebendo tão merecido prêmio.
É difícil falar de meu pai, pois o amor, a admiração de filha e fã trazem junto com as lembranças, a emoção de ter o privilégio de ser filha de um homem brilhante.
A cada vez que tocam uma música, um dobrado de sua autoria, um arranjo marcado pelo estilo inconfundível de seus trabalhos, quando o público vibra e ele se transforma no palco, as lágrimas toldam meus olhos, sinto meu coração crescer e penso: como e possível tanta sensibilidade, tanto talento guardados no coração de um homem (aparentemente) fechado? E que ele fala com a alma e a dele, desprezando a palavra, faz brotar toda esta beleza em sons e imagens.
Meu pai, meu amigo e confidente, um homem, um artista inovador e brilhante, modesto quando fala de si, pois é tímido, transformou minha vida, pois poucos tiveram o privilégio de ser ninada ao som de um coral.
Este é o depoimento emocional e pessoal que pude fazer. Desculpem a falta de modéstia. Eu amo e me orgulho de ser filha de José Carlos Ligiero.
Kátia Ligiero
Fonte: Jornal DMais Cultura
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4 comentários:
deuxi aqui meu comentario de muito obrigado a essa pessoa chamada zew carlos ligiero pq se nao fosse por ele, nao seria uma professora de musica, naos estaria onde estou hj, e nao teria ido a tantos lugares como na alemanha mostrar o meu talento musical , meu sinceros agradecimento a tudo q vc me fez,mt obrigada!
tenho orgulho de ter sido aluna dele, tenho orgulho ter sido uma grande amizade dele, tenho um pra zer de dizer obrigada ze carlos por tudo q me fez e me deu q foi a apredizagem musical...e com ela fiz mts viagens!e sou oq sou hj e sempre....
Tenho um carinho especial pois pude tocar suas commposições com ele me acompanhando na flauta. Sua orquestra se apresentou em Araruama
( onde moro)na praça Antonio Raposo e as pessoas dançavam ao ar livre. Inesquecível! Fotografou Araruama e pude acompanha-lo nesta excursão
A última vez que o vi, chorei de emoção.
Meu nome é João Carlos Ribeiro Nunes. Fui aluno do grande Maestro e Professor José Carlos Ligiero. Pude desfrutar da amizade desse homem valoroso e amigo. Quando me casei em 01 de Junho de 1991, ele estava lá tocando no meu casamento por pura amizade. Tenho o filme até hoje e me orgulho muito disto. Hoje sou músico profissional e agradeço ao Maestro José Carlos Ligiero por tudo que me ensinou. Grande abraço, meu amigo.
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