A crônica de Everaldo Francisco Teixeira, intitulada “ Recordar é Viver – A Itaperuna dos anos 60, representa o município de Itaperuna no livro “Crônica para a Cidade Amada – As cidades brasileiras na literatura”, reúne crônicas sobre os 92 municípios fluminenses. A publicação é uma homenagem da Academia Brasileira de Letras pelos 200 anos da Biblioteca Nacional।
RECORDAR É VIVER:
A ITAPERUNA DOS ANOS 60
Everaldo Francisco Teixeira
TUDO COMEÇAVA COM UM APITO, um som estridente, cortando a cidade e numa cadência de “café com pão” lá vinha a Maria Fumaça empurrando a todos sem pedir licença, passava com sua imponência jogando fumaça para todos os lados. Correndo em direção a outras cidades.
Era bonito presenciar esta força bruta como meio de transporte, mesmo todos pagando um preço pelas longas viagens que se tornavam cansativas. Uma viagem de Itaperuna ao Rio de Janeiro durava um dia inteiro. Todos prestavam atenção à passagem do trem, ao passar pelo centro, pela ponte e ao cortar chão afora, “Café com pão... Café com pão... aé seu maquinista”. E ia o trem jogando fumaça, fazendo barulho, e mexendo com todos.
A Itaperuna dos anos 60 tinha esse trem que por duas vezes passava pelo centro da cidade. Centro este que tinha uma iluminação fraca e que à noite criava um ambiente calmo e tranquilo, a iluminar casas muito antigas. Uma avenida com três pistas e muitas árvores, onde pardais faziam a festa e de vez em quando o lacerdinha se tornava o terror de todos.
Tempo gostoso, tempo em que as coisas aconteciam lentamente e que deixavam marcas que existem até hoje. Tempo que para se comprar um litro de leite era preciso levar um vasilhame. Tempo que um desfile de 10 de maio era uma festa para todos. Basta dizer que quando a banda do Colégio Estadual 10 de Maio, comandada pelo Maestro José Carlos, chegava ao Colégio Bittencourt, lá na rodoviária antiga, ainda estavam entrando pelotões de alunos para desfilar. Tempo em que a Rádio Itaperuna fazia a festa para os ouvintes e Geraldo Guimarães era sinônimo de qualidade e audiência. Tempo em que o Colégio Bittencourt, na figura do Dr. Jair Bittencourt comandava, na cidade, a educação. Tempo em que um bom café significava ir ao café Oliveira, uma compra de material escolar significava ir à Folha Nova e uma loja como a Seleta era a preferida por todos.
Tempo que quando a tarde caía, as pessoas buscavam suas casas e na linha do horizonte o sol se punha e um vento gostoso, uma brisa,criava o ambiente propício para que centenas de pardais fizessem no céu de nossa avenida principal um balé improvisado, das 17 horas em diante. Pardais que em movimentos rápidos e bruscos cortavam o céu, em todas as direções. Nestas horas, os jovens com mais tempo e criatividade, faziam um céu multicolorido de pipas, que enfeitavam com mais alegrias as nossas tardes de verão, em época de muito vento. E onde andam as pipas, as peladas, o banho de rio, o pião e muitas outras brincadeiras no mundo moderno?
Em termos de divertimento nos finais de semana, tínhamos o ITC e dois cinemas, um na General Osório e outro onde é o Edifício Rotary. Tempo das matinês, das pipocas e das trocas de gibis. Um bom garoto que se prezasse não ia para o cinema sem gibis para troca. Gibis como Tarzan, Flecha Ligeira, Zorro, Batman, Superman, Mickey e o Mandrake que faziam a festa de todos. Nesta época uma revista em quadrinho(GIBI) era classificado como anti-cultura e nocivo à formação de um adolescente. Era uma barra ter um gibi.
Movidos a pipocas, e atentos com os olhos, começava a sessão, fosse a aventura policial ou cowboy, tudo era uma descoberta. Neste tempo, ir ao cinema era um ritual e havia um certo prazer que nos dias de hoje está morrendo. O Cine Santa Luzia, inaugurado em 1964, era um ambiente chique e que atraia todos os segmentos da sociedade levando cultura e divertimento.
Sempre existia ao final de cada sessão, um pequeno filme de suspense que prendia a atenção de todos e nos obrigava, na semanas eguinte, a não faltar para ver como o mocinho escapava das armadilhas mais fantásticas que se podia imaginar. Eram seriados de botar inveja nos olhos de Indiana Jones.
Era um tempo gostoso e a vida era mais fácil. Itaperuna, com as características que lhe eram peculiares agasalhava a todos os seus filhos e com seu ar de cidade do interior, pacientemente esperava seu momento para se transformar no que é nos dias de hoje.
Aqui, ao cair da tarde em Itaperuna, um trem cortava a cidade, um apito era o sinal de sua chegada, um relógio preciso que marcava o tempo.
Por muitos anos fez este trajeto, até que em 1973, numa tarde,passou bem devagar e triste, como se estivesse fugindo e chorando e num último apito deu seu grito de adeus... E NUNCA MAIS VOLTOU.
Era bonito presenciar esta força bruta como meio de transporte, mesmo todos pagando um preço pelas longas viagens que se tornavam cansativas. Uma viagem de Itaperuna ao Rio de Janeiro durava um dia inteiro. Todos prestavam atenção à passagem do trem, ao passar pelo centro, pela ponte e ao cortar chão afora, “Café com pão... Café com pão... aé seu maquinista”. E ia o trem jogando fumaça, fazendo barulho, e mexendo com todos.
A Itaperuna dos anos 60 tinha esse trem que por duas vezes passava pelo centro da cidade. Centro este que tinha uma iluminação fraca e que à noite criava um ambiente calmo e tranquilo, a iluminar casas muito antigas. Uma avenida com três pistas e muitas árvores, onde pardais faziam a festa e de vez em quando o lacerdinha se tornava o terror de todos.
Tempo gostoso, tempo em que as coisas aconteciam lentamente e que deixavam marcas que existem até hoje. Tempo que para se comprar um litro de leite era preciso levar um vasilhame. Tempo que um desfile de 10 de maio era uma festa para todos. Basta dizer que quando a banda do Colégio Estadual 10 de Maio, comandada pelo Maestro José Carlos, chegava ao Colégio Bittencourt, lá na rodoviária antiga, ainda estavam entrando pelotões de alunos para desfilar. Tempo em que a Rádio Itaperuna fazia a festa para os ouvintes e Geraldo Guimarães era sinônimo de qualidade e audiência. Tempo em que o Colégio Bittencourt, na figura do Dr. Jair Bittencourt comandava, na cidade, a educação. Tempo em que um bom café significava ir ao café Oliveira, uma compra de material escolar significava ir à Folha Nova e uma loja como a Seleta era a preferida por todos.
Tempo que quando a tarde caía, as pessoas buscavam suas casas e na linha do horizonte o sol se punha e um vento gostoso, uma brisa,criava o ambiente propício para que centenas de pardais fizessem no céu de nossa avenida principal um balé improvisado, das 17 horas em diante. Pardais que em movimentos rápidos e bruscos cortavam o céu, em todas as direções. Nestas horas, os jovens com mais tempo e criatividade, faziam um céu multicolorido de pipas, que enfeitavam com mais alegrias as nossas tardes de verão, em época de muito vento. E onde andam as pipas, as peladas, o banho de rio, o pião e muitas outras brincadeiras no mundo moderno?
Em termos de divertimento nos finais de semana, tínhamos o ITC e dois cinemas, um na General Osório e outro onde é o Edifício Rotary. Tempo das matinês, das pipocas e das trocas de gibis. Um bom garoto que se prezasse não ia para o cinema sem gibis para troca. Gibis como Tarzan, Flecha Ligeira, Zorro, Batman, Superman, Mickey e o Mandrake que faziam a festa de todos. Nesta época uma revista em quadrinho(GIBI) era classificado como anti-cultura e nocivo à formação de um adolescente. Era uma barra ter um gibi.
Movidos a pipocas, e atentos com os olhos, começava a sessão, fosse a aventura policial ou cowboy, tudo era uma descoberta. Neste tempo, ir ao cinema era um ritual e havia um certo prazer que nos dias de hoje está morrendo. O Cine Santa Luzia, inaugurado em 1964, era um ambiente chique e que atraia todos os segmentos da sociedade levando cultura e divertimento.
Sempre existia ao final de cada sessão, um pequeno filme de suspense que prendia a atenção de todos e nos obrigava, na semanas eguinte, a não faltar para ver como o mocinho escapava das armadilhas mais fantásticas que se podia imaginar. Eram seriados de botar inveja nos olhos de Indiana Jones.
Era um tempo gostoso e a vida era mais fácil. Itaperuna, com as características que lhe eram peculiares agasalhava a todos os seus filhos e com seu ar de cidade do interior, pacientemente esperava seu momento para se transformar no que é nos dias de hoje.
Aqui, ao cair da tarde em Itaperuna, um trem cortava a cidade, um apito era o sinal de sua chegada, um relógio preciso que marcava o tempo.
Por muitos anos fez este trajeto, até que em 1973, numa tarde,passou bem devagar e triste, como se estivesse fugindo e chorando e num último apito deu seu grito de adeus... E NUNCA MAIS VOLTOU.
Professor -- Everaldo Francisco Teixeira.
Professor de Filosofia e Sociologia.
Orientador Educacional.
Escritor.
Pesquisador em Astronomia e Física.
Twitter - everaldoft
Outra postagem sobre o mesmo assunto:
Crônica de Everaldo Teixeira representa Itaperuna em livro de Niskier
.
2 comentários:
LINDA POSTAGEM OUTRA REVISTA, E PARABÉNS AO NOSSO AMADO PROFESSOR POR TAMANHA DESENVOLTURA NAS LINHAS ESCRITAS SOBRE ITAPERUNA! GRANDE ABRAÇO, ALINE CARLA.
Neste belo domingo ao acordar,vendo o sol levantar cheio de alegria,minha alma tão pequena foi invadida pelo agradecimento , e a primeira pessoa que lembrei que deveria agradecer foi você professora Elizabeth pela sua atenção e dedicação ao servir os amigos.Obrigado pela divulgação do meu texto, fiquei apaixonado pela foto de Itaperunajunto a crônica Visitei seu blog OUTRAREVISTA nota mil continue sempre assim com otimismo e alegria, através da cultura podemos transmitir mudanças reais na mentalidade do nosso povo..Estenda meus agradecimentos ao seu esposo e seus filhos.Serei agora um divulgador de seu blog principalmente com meus alunos e com todos que amam a cultura.
-- Everaldo Francisco Teixeira.Professor de Filosofia eSociologia.Orientador Educacional.Escritor.Pesquisador em Astronomia eFísica.Twitter -everaldoft
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