Por Karina Bottino
Ameaçados de extinção, macacos Bugio têm dado o ar da graça na área urbana de Laje do Muriaé, na Região Noroeste, despertando a curiosidade dos moradores. Atenta à falta de informação da comunidade sobre a espécie, a professora de Ciências do Colégio Estadual Ary Parreiras, Nandyara de Almeida Rezende, procurou orientação do IBAMA e lançou o projeto Preservando e Educando. Uma primeira expedição de alunos e professores ao Morro do Queró, área de Mata Atlântica, foi realizada dia no dia 21 de novembro. Acompanhados do biólogo Álvaro Fulgêncio, que é ex-aluno do colégio, os novos ecologistas puderam conhecer de perto os hábitos dos macaquinhos.
- No Interior, estamos acostumados a ver animais nos arredores da cidade. Não temos problema em conviver com as espécies, mas devemos saber qual postura adotar para preservá-las. Não podemos alimentá-los, nem mesmo com frutas. Eles são caçadores e devem buscar brotos, folhas e frutas por conta própria. E não há motivos para maus tratos. Podemos conviver pacificamente – defende a professora, que decidiu montar o projeto ao observar as constantes visitas de três macacos perto de casa.
O primeiro passo da educadora foi escrever uma carta ao IBAMA de Brasília pedindo que o órgão mandasse um comunicado explicando aos alunos como os bichinhos devem ser tratados. O documento foi escrito pela representante do IBAMA em Campos, Rosa Maria Castello Branco. Além de informações sobre a espécie, a carta contém orientações sobre a Lei 9605/98, que dispõe sobre crimes ambientais. Qualquer um pode denunciar maus tratos aos animais, fazendo um registro de ocorrência na delegacia.
Segundo a professora, na região, o macaco Bugio está ameaçado de extinção devido à devastação do meio ambiente e à caça – em algumas áreas, há a crença de que o uso do osso hióde como recipiente pode curar enfermidades (o osso fica sob a língua do animal). Outro fator que põe em risco a sobrevivência destes bichos é a tentativa de domesticação. Recentemente, um macaco foi morto por um cachorro ao se aproximar de uma casa para comer lavagem. O animal já havia sido alimentado pela família anteriormente.
- A Mata Atlântica é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Conservá-la não é papel só do governo. A responsabilidade também é da sociedade, das empresas, do pequeno e do grande produtor rural, dos nossos alunos e, inclusive, dos municípios. Durante a expedição, sinalizamos a área com cartazes, esclarecendo que os macacos não pertencem aos moradores. Eles não devem ser recolhidos e domados. Essas informações estão sendo multiplicadas por nossos alunos em casa, entre familiares e amigos – conta Nandyara.
Outra medida do projeto foi estimular os alunos na produção de informativos sobre os cuidados com a espécie, que são veiculados diariamente na Rádio Escola (104,9 FM), de abrangência em toda a cidade. Os alunos têm se sentido agentes ecológicos.
- O passeio pela mata fez com que eu me sintonizasse com o meio ambiente, mudando o modo como eu via a natureza. Hoje me empenho em conscientizar minha família, amigos e vizinhos – garante Ilarina Netto Pereira, 17 anos e aluna do 2º ano do Ensino Médio
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Fonte: PANELAÇO DO CEAP