Um rico artista brasileiro, Paulinho da Viola, disse: “Não sou eu quem vive no passado, é o passado que vive em mim”.
Um braço de fogo de um índio dos santos é o passado que vive em mim há pelo menos quinhentos e poucos anos. Não tinha calções, tinha outras orações.
No passado que vive em mim, um cemitério de negros escravos; morenas de cor, e de jambo; jabuticabas com suas partes brancas, menos amargas.
O passado que vive em mim são memórias brincando, ouvindo as “memórias cantando”. Das memórias lembrando, perto de quem sabe ouvir, perto de quem é valentia. Mulher e filha.
No passado que vive em mim, um carnaval. Que começou em surdina e foi parar na avenida. Pena que nem tudo é alegria.
No passado que vive em mim, foliões, falastrões, com promessas e oblações. Uma outra parte eu não previa, a entrada dos leões, cuspindo entulhos no tempo e no passado. Pra quem foi, se foi...
O carnaval.
Adler Tatagiba
22/02/2010
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